sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A Lenda de Romãozinho

Romãozinho:




Romãozinho era um menino que já nasceu mau. Quando bebê sua testa era enrugada perto das sobrancelhas o que lhe dava uma aparência de bravo. Mordia quem chegava perto de seu rosto ou tentava pegá-lo no colo. Não gostava de ser amamentado então mordia os seios da mãe.

Um pouco mais velho, lá pelos seus seis, sete anos, adorava uma travessura, mas elas envolviam tristeza e violência: Maltratava os animais, batia, matava passarinho, gato e cachorro; puxava os rabos dos cavalos, queimava as vacas com ferro quente; quebrava todos os ovos do galinheiro, destruía as plantas que encontrava pelo caminho, inclusive a horta da família.

O pai do menino trabalhava na roça e sua mãe ficava em casa: limpando, cozinhando e cuidando dos demais afazeres. Todo dia ela mandava o almoço do marido pelo filho endiabrado que sempre ia de má vontade e praguejando. Em um triste dia, a mãe fez o de costume, mandou o almoço pelo menino

Romãozinho pelo caminho, resolveu descansar à sombra de uma árvore e comer a galinha que era para o pai. Deixou os ossos na marmita e dava risada até chorar só de pensar na confusão que causaria.

Dominado pelo ódio, o pai do menino correu enfurecido para casa. Sem dar tempo para que a mulher entendesse o que estava acontecendo e se explicasse, puxou o punhal, que sempre carregava, e matou a esposa com brutalidade, ali mesmo, na cozinha.

Caída ao chão, ainda agonizando, a mãe do menino o amaldiçoou. Enquanto o moleque ria do resultado de sua travessura, sua mãe lhe disse: "Você não morrerá nunca! Não conhecerá nem o céu ou o inferno. Não descansará enquanto houver ser vivente sobre a Terra. Sofrerá eternamente".

O pai, percebendo a mentira do filho diabólico, o espancou. O menino gritava e ria ao mesmo tempo e foi embora de casa. O triste marido, de tanto sofrer pela culpa e arrependimento, se matou. A partir desse dia, Romãozinho não mais cresceu, passou a andar pelas estradas fazendo as mesmas maldades que antes: maltratava animais, quebrava telhados, furava pneus de carros e caminhões e assustava as pessoas.

Diz a lenda que Romãozinho é capaz de encontrar crianças que desobedecem os pais ou fazem malcriações. Então ela prepara um emboscada e grita com a criança da mesma forma que gritara quando seu pai lhe espancou. Às vezes deixa a criança ir embora com os cabelos brancos de tanto medo que o endiabrado causa. Às vezes as carrega para o outro mundo e a deixa vagar pela casa pedindo por ajuda, mas ninguém pode vê-la.

A maldição da mãe o faz gritar de desespero sempre ao fim da tarde, no mesmo horário em que ela foi assassinada pelo marido. Sente a dor do espancamento, mas dessa vez não ri, chora de desespero. Há quem diga que é possível ouvir seus gritos pelas estradas de Goiás, perto de plantações e lugares mais desertos.

Existem algumas pessoas que acreditam que, pela maldição da mãe, o menino tenta salvar sua alma condenada ajudando as mães com dificuldades no parto. Conta outra lenda que uma mulher estava sozinha quando começou a dar a luz, a criança estava invertida e precisava de ajuda. A mulher chamou por Romãozinho. Este rapidamente encontrou a casa de uma parteira que depenava uma galinha.

Romãozinho fez com que a galinha reviver e sair correndo. A parteira correu atrás e escutou os gritos da pobre mulher. Foi até lá e conseguiu realizar o parto sem mais complicações.




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