terça-feira, 14 de agosto de 2018

A Lenda do Arranca - Línguas

Goiás, além de possuir belas paisagens, cidades históricas cheias de encantos, uma maravilhosa arquitetura em art déco e uma culinária que cativa qualquer um, também é palco de várias lendas. Algumas assustadoras e outras divertidas.

Vou compartilhar essas incríveis histórias que fazem parte do patrimônio cultural de um estado brasileiro riquíssimo em sua diversidade, mas desconhecido por muitos do país.


O Arranca-Línguas


O Arranca-Línguas é uma criatura que vive no interior do Estado de Goiás e em regiões do Araguaia. De acordo com pessoas que conseguiram vê-la, disseram que parece com um gorila, mas bem maior. É cabeluda, fanhosa e de cabeça chata.

Prefere atacar o gado, mas não se importa em pegar outros bichos como as cabras e os cavalos. A única parte que come de suas presas são as línguas deixando o animal sobreviver, e é daí que vem seu nome "Arranca-Línguas". 

A criatura se alimenta do necessário para saciar sua fome. não ataca mais que três animais durante as noites sem Lua. Nas outras noites protege os rebanhos dos ladrões de gado. Apesar de seu grande tamanho, é muito silencioso, se esconde entre os animais e quando o ladrão se aproxima, ele ataca de surpresa, derruba o sujeito e arranca-lhe a língua como castigo.

 Essa lenda parece ter uma possível data de surgimento, em 1929. Naquele ano ocorreu um surto de febre aftosa onde se encontrava o antigo porto fluvial do Araguaia. Os animais atingidos sofreram um terrível comichão em suas línguas e eles mesmos as arrancaram com os dentes. A epidemia acabou se espalhando por Goiás.

 Os céticos acreditam que o surto da doença do gado foi o que o imaginário popular precisava para criar uma lenda assustadora. Os habitantes, de ambos os estados, confirmaram o caso da febre aftosa, mas disseram que não era devido a ela que o gado tinha a língua decepada, mas sim por causa de um monstro. 

As pessoas que moram em fazendas, ou próximo a elas, afirmam terem visto um animal enorme que lembrava um gorila correndo pelos pastos e juram que vários homens, de reputação duvidável, que passavam por algumas cidades era mudos e, quando tentavam falar, parecia que lhes faltava a língua.

 


 


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A Lenda de Romãozinho

Romãozinho:




Romãozinho era um menino que já nasceu mau. Quando bebê sua testa era enrugada perto das sobrancelhas o que lhe dava uma aparência de bravo. Mordia quem chegava perto de seu rosto ou tentava pegá-lo no colo. Não gostava de ser amamentado então mordia os seios da mãe.

Um pouco mais velho, lá pelos seus seis, sete anos, adorava uma travessura, mas elas envolviam tristeza e violência: Maltratava os animais, batia, matava passarinho, gato e cachorro; puxava os rabos dos cavalos, queimava as vacas com ferro quente; quebrava todos os ovos do galinheiro, destruía as plantas que encontrava pelo caminho, inclusive a horta da família.

O pai do menino trabalhava na roça e sua mãe ficava em casa: limpando, cozinhando e cuidando dos demais afazeres. Todo dia ela mandava o almoço do marido pelo filho endiabrado que sempre ia de má vontade e praguejando. Em um triste dia, a mãe fez o de costume, mandou o almoço pelo menino

Romãozinho pelo caminho, resolveu descansar à sombra de uma árvore e comer a galinha que era para o pai. Deixou os ossos na marmita e dava risada até chorar só de pensar na confusão que causaria.

Dominado pelo ódio, o pai do menino correu enfurecido para casa. Sem dar tempo para que a mulher entendesse o que estava acontecendo e se explicasse, puxou o punhal, que sempre carregava, e matou a esposa com brutalidade, ali mesmo, na cozinha.

Caída ao chão, ainda agonizando, a mãe do menino o amaldiçoou. Enquanto o moleque ria do resultado de sua travessura, sua mãe lhe disse: "Você não morrerá nunca! Não conhecerá nem o céu ou o inferno. Não descansará enquanto houver ser vivente sobre a Terra. Sofrerá eternamente".

O pai, percebendo a mentira do filho diabólico, o espancou. O menino gritava e ria ao mesmo tempo e foi embora de casa. O triste marido, de tanto sofrer pela culpa e arrependimento, se matou. A partir desse dia, Romãozinho não mais cresceu, passou a andar pelas estradas fazendo as mesmas maldades que antes: maltratava animais, quebrava telhados, furava pneus de carros e caminhões e assustava as pessoas.

Diz a lenda que Romãozinho é capaz de encontrar crianças que desobedecem os pais ou fazem malcriações. Então ela prepara um emboscada e grita com a criança da mesma forma que gritara quando seu pai lhe espancou. Às vezes deixa a criança ir embora com os cabelos brancos de tanto medo que o endiabrado causa. Às vezes as carrega para o outro mundo e a deixa vagar pela casa pedindo por ajuda, mas ninguém pode vê-la.

A maldição da mãe o faz gritar de desespero sempre ao fim da tarde, no mesmo horário em que ela foi assassinada pelo marido. Sente a dor do espancamento, mas dessa vez não ri, chora de desespero. Há quem diga que é possível ouvir seus gritos pelas estradas de Goiás, perto de plantações e lugares mais desertos.

Existem algumas pessoas que acreditam que, pela maldição da mãe, o menino tenta salvar sua alma condenada ajudando as mães com dificuldades no parto. Conta outra lenda que uma mulher estava sozinha quando começou a dar a luz, a criança estava invertida e precisava de ajuda. A mulher chamou por Romãozinho. Este rapidamente encontrou a casa de uma parteira que depenava uma galinha.

Romãozinho fez com que a galinha reviver e sair correndo. A parteira correu atrás e escutou os gritos da pobre mulher. Foi até lá e conseguiu realizar o parto sem mais complicações.