Naquela época não havia
energia elétrica e fogão à gás. Era preciso buscar lenha pela cidade para que
fosse possível cozinhar, esquentar água, etc. Um dia Baltazar, um dos
moradores, chamou seu filho para irem atrás de lenha para que sua mulher pudesse
acender o fogo no dia seguinte.
Começou a escurecer então
pai e filho aceleraram o passo para voltar logo para casa. Cortaram caminho
pelo lado do cemitério, e por ali encontraram bons pedaços de madeira. Baltazar
muito animado resolveu ficar procurando por mais.
Enquanto remexiam pelo mato atrás de mais
lenha, Baltazar bateu sua mão em algo diferente de um pedaço de pau, deixou que
a Lua iluminasse o local e aterrorizado percebeu que segurava o braço de um
esqueleto. Deu um grito e o largou, seu filho veio correndo para saber o que
tinha acontecido. Ficaram os dois lá, parados, não somente pelo susto, mas
também por um fato curioso:
Era um esqueleto sequinho,
sem nenhum pedaço da carne do defunto. O mato cresceu ao seu redor, mas por
incrível que pareça, as roupas do morto estavam intactas, novinhas e
preservadas.
Quando o susto deu uma
amenizada, pai e filho correram para casa. Chegando lá foram direto dormir,
um pouco transtornados com o ocorrido. No dia seguinte, Baltazar foi à
delegacia contar o que tinha visto. Os policiais foram até o local buscar a
caveira para examiná-la. Chegaram à conclusão de que era o cadáver do “Zé
Alves”.
Enterraram o corpo em uma
das covas do cemitério, mas sempre no final da tarde e à noitinha, a caveira
saía de sua sepultura. Toda vez que era enterrado, o esqueleto do Zé Alves, no
dia seguinte estava fora da cova. Algumas pessoas que passavam pelo cemitério
diziam escutar a voz de um homem chamando.
Não se sabe se conseguiram
enterrar definitivamente o esqueleto no cemitério ou se o deixaram em paz para
escolher seu lugar de repouso, mas o fato é que, enterrado ou não, muito dos
moradores que passavam ao redor do cemitério escutavam uma voz de homem: “Saia,
saia daqui! Esta terra é minha! Vai-te embora, preciso descansar”.
Zé Alves era um fazendeiro
rico da cidade de Jaraguá (GO). O reconheceram pela gravata que o esqueleto
estava usando, Era sua marca, ganhara de um amigo. Dizem que o fazendeiro era
muito mal, vivia tomando terras dos outros por isso acredita-se que a terra não
o quis. E é por isso que a caveira fugia, todas as noites, de sua sepultura, as
terras sagradas não a aceitavam.